segunda-feira, 25 de maio de 2009

Crónicas de um coxo diferente - II

O dia 23 de Maio de 2009 tinha tudo para ser um dia perfeito...tudo tirando o facto de que quando é bom nunca é pra mim.

Mas antes do dia 23 de Maio, há sempre um dia 22 de Maio...e entre o 22 e o 23, toda a gente sabe que, inevitavelmente, há uma noite de 22 pra 23. Até aqui nada de novo...e a noite começou com um jantar de despedida de um ilustre Estudantino que se preparava para ir pra Angola engordar a conta bancária durante uns meses valentes. Não digo que tenha saído de lá alcoolizado mas...eu quando conduzo não bebo, pra não entornar. Ora parte do grupo ía a uma festa numa daquelas discotecas com guest list e coiso e tal, mas eu, um pobre rapaz do campo, e humilde apreciador do ambiente bairrista(e de imperial a 80 cêntimos em vez de 5€), optei por ir à festa do festival da tuna feminina do ISEL, nas novas instalações do Real República de Coimbra no Bairro Alto, na companhia do meu padrinho* há muito desparecido. Ora sendo o moço de Vila Viçosa e conhecendo eu Lisboa como conheço o Porto(que nunca lá pus os cotos) fomos deixar o carro a três dias pra trás do sol posto, do bairro. Para não variar foi certinho que me esqueci de onde é que deixei o carro...
Lá chegámos às novas instalações do Real República de Coimbra, bebemos uns canecos, trauteamos umas modas e eis que chegou a hora de voltar a casa. Mas para voltar a casa há que encontrar o carro, o que se torna uma missão bem mais simples de executar se for debaixo de chuva...já referi que quando é bom nunca é pra mim? Enfim, achei o carro, montei-me nele, e fui à minha vida...até me tava a correr bem a noite quando tive a sensação que passei por um flash, daqueles que costumam custar dinheiro...ai, quando é mau...olha é pra mim...

E pronto chegamos à manhã de 23 de Maio. Acordar as 10h da madrugada, pra ir à benção das pastas da fã nº1, depois de comer o almoço que os paisinhos vão pagar. "Ah, andas a papar almoços à pala e ainda te queixas" - Antes da tempestade vem sempre a bonança, e depois da tempestade...é que é o elas. Mas vá, almocinho e tal, benção na basílica da estrela. Ora a dita leva aí umas 500 pessoas, como tuga que é tuga gosta é de festa, os finalistas devem ter levado aí umas 1000 pessoas só de família. Conclusão, 2h de pé numa buraco mais apertado do que aquele por onde eu nasci. E é este o momento...quero desde já fazer aqui um apelo a vocês fiéis leitores, que se eu algum dia me passar por esta marmita abençoada, a triste ideia de arranjar fitas e ir a uma benção, por favor afinfai-me com uma picareta entre os mirantes, seguido de dois pares de chapadas nas trombas, daquelas que aleijam. Se me quiser autopraxar, não preciso da benção de ninguém.

E por falar em praxar, chegamos ao final da tarde de 23 de Maio, e ao jantar de aniversário do meu melhor amigo. Ora, até aqui tudo bem, não fosse o pessoal lembrar-se de o embubadar com penaltys que era obrigado a beber por duas razões:

1. Por tudo
2. Por nada

Ora amigo que é amigo quando se vê embriagado o que é que faz? Exactamente, faz com que o amigo se embriague mais que ele, e pronto os inergúmenos que estavam lá a jantar acharam piada à coisa e aqui o menino desde imperiais a jarros de tinto, de bota-a-baixo, foi obrigado a virar, que nem um camelo em dia de ramadão. Conclusão, lá fomos os dois cambaleando abraçados até ao ISEL... Ora até aqui também nada havia de estranho, não fosse o facto de termos um festival de tunas femininas para abrir, e uma bandeira com a qual era suposto fazermos cenas fixes, sem que ela tocasse no solo. Digo-vos meus amigos, que tal tarefa já não é fácil quando conseguimos manter o corpo perpendicular ao solo sem grande esforço, imaginem então fazê-lo com a gravidade a pregar-nos partidas numa noite de nevoeiro. Sinceramente não aconselho a tentarem isso em casa, mas pronto a coisa lá saíu menos mal...e fez-se a actuação. Estou a pensar seriamente em editar os 10 mandamentos do porta-estandarte, em que o primeiro será: Não beberás como uma besta antes de ir pra palco.

Enfim, tristezas à parte, instrumentos arrecadados, começava por fim a festa, mas não sem antes mais uma praxe. Ora o desgraçado do meu padrinho, que muito tem brincado aos tropas nos últimos tempos lembrou-se de brincar aos tropas com os caloiros, sendo que a nossa missão era desparecer da vista dele em 5 segundos. Como bom soldado, assim fiz, disparando como uma flecha em direcção a uma ladeira...ora daqui há a reter o seguinte: Nunca dêm de beber a uma flecha, não vá ela mandar-se à toa pela ladeira abaixo e torcer um pé...

Conclusão da história, já o pessoal tava reunido para passagem de mais um reles-caloiro a veterano, e eu a ganir agarrado ao pé...até já tinham estranhado a presença de uma capa e duma batina sem ninguém por baixo, mas nem ligaram...sabem aquela do homem que vai ao médico e diz:
- "Doutor, não sei o que se passa comigo, as pessoas ignoram-me!"
- "Próximo!"

Assim me senti eu, até umas almas caridosas me irem buscar e levado em ombros até à roda.
Pra quem não sabe o ritual de passagem a veterano processa-se da seguinte forma, o caloiro ajoelha-se à frente do padrinho, repete umas palavras que este diz, e depois dá o grito do ISEL enquanto os restantes veteranos lhe despejam duas imperiais(cada um) pelos cornos abaixo.
Ora como quando é bom nunca é pra mim, no dia que ia deixar de ser praxado, carregar instrumentos, etc, etc, torço um pé, que é pra equilibrar...Enfim, a coxear lá me aproximei do meio, e ía pra me ajoelhar quando me dá uma cãembra...foi giro, no momento mais marcante da minha vida académica ter 30 macacos a olhar pra mim deitado no chão, à espera que eu me conseguisse ajoelhar pra se continuar a cena...quando é bom...

Mas mais giro ainda, foi quando o meu tornozelo se tornou num pequeno trambolho e fui ao hospital de santa maria. Normal, diriam vocês...sim, se conseguirem que acreditem que o vosso traje pinga e tresanda a cerveja, não porque vocês deviam estar nos AA mas porque há um ritual na vossa tuna em que...eh pa, quando é bom nunca é pra mim.

(*) Padrinho na Estudantina do ISEL, porque o outro padrinho, nem é considerado desaparecido, que eu acho que ele existe, mas ainda não foi provado.. =P